Desafio político de Portugal: Baixa participação eleitoral dos jovens

Razões para o declínio da participação dos jovens

Os especialistas políticos identificam diversos fatores.

• Em primeiro lugar, os jovens eleitores não veem, muitas vezes, uma ligação direta entre o voto e a mudança real — de acordo com os inquéritos do Eurobarómetro de 2023, mais de 60% dos portugueses entre os 18 e os 24 anos acredita que a política tem "pouco impacto" no seu dia a dia.
• Em segundo lugar, a instabilidade socioeconómica — preços elevados da habitação e contratos de trabalho instáveis — leva a uma sensação de falta de perspetivas.
• Em terceiro lugar, a comunicação política continua a ser predominantemente tradicional: os partidos parlamentares utilizam menos os formatos digitais com que os jovens estão familiarizados.

Consequentemente, cria-se um distanciamento entre as instituições políticas e uma geração para quem a interacção online se tornou o principal meio de obtenção de informação.

Ambiente Digital e o Problema da Atenção Distraída

As decisões políticas competem pela atenção dos jovens cidadãos com os serviços digitais comerciais — redes sociais, plataformas de streaming e aplicações de jogos. Este ecossistema também inclui formatos online relacionados com jogos de azar e apostas. Alguns estudos apontam que o público jovem interage mais com plataformas de conteúdos de entretenimento do que com fontes políticas.

Neste contexto, a discussão sobre serviços relacionados, por exemplo, com as casas de apostas com levantamentos imediatos, torna-se parte de um debate mais amplo sobre a forma como os sistemas digitais de gestão da atenção podem ofuscar as questões sociais. Não se trata do conteúdo dos serviços de jogo em si, mas sim do facto de os jovens passarem cada vez mais o seu tempo livre em ambientes não relacionados com a política, o que reduz ainda mais o seu envolvimento nos processos eleitorais.

Que abordagens está o governo a considerar?

A nível político, estão a ser propostas em Portugal soluções que visam aumentar a participação dos jovens eleitores. Seguem-se as principais áreas debatidas pelos investigadores e grupos de peritos:

• Expansão das plataformas digitais de informação — criação de recursos online oficiais com ferramentas simples para comparar as plataformas dos partidos.
• Iniciativas-piloto para o voto eletrónico — teste da participação remota para cidadãos residentes fora do seu distrito eleitoral.
• Programas educativos em universidades e escolas — cursos de literacia cívica centrados em práticas participativas.
• Reforço da transparência das decisões orçamentais — publicação dos dados sobre as despesas num formato interativo.

Espera-se que estas medidas criem as condições para o envolvimento gradual dos jovens cidadãos no processo eleitoral do país.